Eu sinto tanto medo. Eu não queria, tenho que ser forte, só que o medo tem me consumido, aos poucos.

O meu coração não é algo que você possa concertar.

Vai doer em você quando eu não me importar mais?

Eu te segurei em cada momento que você pensou que não iria aguentar. Eu te a poei em cada decisão. Eu enfrentei a crise com você, eu também cai com você. Eu juntei cada pedaço que ousava cair do seu coração. Eu cheguei até você e te dei a minha força pra você ter coragem pra continuar. Eu sou uma parte de você. E a cada vez que eu deito na cama, o seu sorriso vem automaticamente na minha cabeça. E hoje, sem mais forças nenhuma pra continuar sabe o que eu fiz? Eu permaneci aqui. Você ainda é uma parte de mim.

Há algo que me deixa em delírio ao me expressar com simplicidade, me deixa em estado de graça, eu não preciso de nada que não seja uma caneta e um pedaço de papel pra me sentir menos solitário, encontro companhia nas palavras que escrevo, anoto minhas loucuras e as coloco no fundo da gaveta esperando que um dia, por acaso eu abra, ache, leia, e me sinta surpreso por elas finalmente fazerem algum sentido, sempre foi fácil pra mim traduzir sentimentos, mesmo não sendo uma pessoa inspirada, admito, não tenho o dom da poesia no sangue, o que eu tenho talvez seja apenas prática, não talento. Falo sozinho e escrevo pra me sentir menos patético, me sinto apreensivo e estranho ao olhar no espelho e não reconhecer a pessoa que vejo, me pergunto o que fiz comigo, porque me privei de tanta coisa, porque joguei amores pelo ralo abandonando boas histórias como se não valessem nada. Vejo um vazio irretratável no fundo dos meus olhos, nada das coisas que eu tenho conseguem me preencher, e quanto mais eu tenho, mais me falta, porque eu nunca tenho o que preciso. A pessoa que eu descrevo com tanta certeza eu não reconheço, a verdade é que eu nunca soube quem sou, o que sou, o que quero, o que faço, o que espero. Eu só sei o que eu sinto.